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  • Foto do escritorAndré Luís Roque Cardoso

1. História de Vida: "veritas, libertas et fons".

Atualizado: 30 de mar. de 2020


Para quem é Cristão ou cristianizado, nada tão importante na vida de alguém quanto a sua salvação e o bem geral de quem ele ama, de sua família. Ou o que, mais atualmente usa-se dizer: a saúde em todas as áreas da vida. E socialmente falando, o que pode ser mais importante do que aqueles que definem o destino da sociedade, com leis e ações políticas? No entanto, acho que as pessoas mais importantes de nossas vidas também podem ser também absurdamente desconhecidas para nós e despreparadas para o bem. Prova disso é o número de famílias desfeitas e a porcaria do desgoverno generalizado. Corrupção e problemas solucionáveis que nunca são solucionados! Pessoalmente, nunca vi graça nisso e, por isso, embora cartunista, disso não faço piada. Quanta falta de responsabilidade nas escolhas, não acha? Na verdade, além de leviandade na escolha, pode ser falta de opção; ou, o que é pior: somos enganados! E aí? Qual a solução? Reaprender o caminho do amor ao bem, que tem em si o verdadeiro e pleno ódio ao mal. E começa com uma frase que o nosso Presidente aprecia muito repeti-la e está no Evangelho: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará!" (S. João 8, 32) Em Latim: Veritas vos liberabit.


Penso que depois de pensarmos sobre tudo isso, vem-nos pelo menos três necessidades: conhecer melhor quem é importante na nossa vida, entender o que é verdade e, finalmente, o que é liberdade. Ou não? Então, vamos por partes. Primeiro, eu vou presentear você com a verdadeira definição da palavra verdade; depois, vamos discorrer um pouco sobre a liberdade, a que mais nos interessa por ser legítima e saudável; e por fim, vou lhe dar o prazer ou o desprazer - não sei, depende de você - de contar-lhe um pouco de mim para que você tenha condição de definir se quer ou não me apoiar como político, num cargo do mais baixo escalão, que é a vereação. Pode ser?


1. VERDADE.


Eu tenho para mim que nada é tão importante quanto essa palavra para organizar nossas ideias: verdade. O que é verdade? Comecemos desmistificando-a: palavras são apenas nomes de coisas ou ações. Logo, "verdade" é, antes de tudo, uma palavra e, como tal, é nome de algo; no caso, de um substantivo concreto, como veremos, com a ajuda do incontestável Aurelius.


Aurelius Augustinus Hipponensis, Sto. Agostinho

Aurelius Augustinus Hipponensis, conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do Cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Certa vez, reuniram-se em torno desse sábio para discutirem uma definição universal para a palavra verdade, como se esta não existisse. Agostinho, depois de ouvir as balelas complicadas de seus colegas filósofos no mais completo silêncio e mansidão, foi obrigado a falar sobre o assunto; e o interessante é que ele simplesmente recorreu ao sentido original da palavra: "verum est id quod est". Ou seja: verdade é o que é; e não obrigatoriamente o que pensamos ser. Ao que pensamos ser, chamamo-lo de "crença", que pode ser verdadeira, parcialmente verdadeira ou completamente falsa. Já a verdade, segundo seu significado etimológico, original, é apenas e tão somente o que é, ainda que o desconheçamos ou pensemos diferente.


O grande doutor angélico Sto. Tomás de Aquino (século 12), explicando esse assunto aos padres, citou diversos exemplos, entre os quais temos este: "ainda que ninguém tenha conhecimento de que um raio caiu em tal lugar, se ele caiu, esta é a verdade". Noutras palavras, verdades são fatos, e não inevitavelmente conhecimentos ou crenças. Está claro?


Foto de Hans Olde da série Nietzsche adoecido, c. 1899.

Foram os revolucionários, como o desgraçado do prussiano-germânico Friedrich Wilhelm Nietzsche (século 19), que trouxeram este mesmo exemplo à tona, relativizando o significado da palavra "verdade", esmagando-a como sinônimo de "crença", para enfraquecer discussões inteligentes. Nietzsche escreveu: "se pensamos que o raio não caiu, a nossa verdade é que ele não caiu". Intelectualmente, como pode perceber, Nietzsche, como todo revolucionário, é um covarde! Confunde, é um sofista, para disfarçar sua estratégia burrificante; e escondendo-se nessa cortina de fumaça ante à sua plateia embevecida por sua sofisticada literatura, ser visto como superior. É tão cretino quanto ridículo era seu enorme bigode! Tão enganador quanto suas palavras sobre o amor e a felicidade, sendo tão odioso e infeliz!


Análise feita e malícia descoberta, você e eu entendemos, por exemplo, a estupidez que é a tão falada frase "cada um tem a sua verdade", no lugar de "cada um tem a sua crença, que pensa ser verdadeira". Correto? Então, pare de falar que cada um tem a sua verdade, se você é uma pessoa do bem. Ou prefere a confusão para não precisar pensar melhor e investigar com responsabilidade cada coisa? Claro que você prefere a verdade, tal qual ela é, e não defumada e confusa, já que, segundo o Evangelho de Cristo, é a verdade que nos liberta. Nada melhor que o bom senso, obrigado. Falando nisso, o que é liberdade?


2. LIBERDADE.


O perigo das palavras é o mal uso delas por muito tempo, de maneira que ganhem significados imbecis ou contraditórios. Sem falar nas palavras que, de fato, já nascem com diversos significados, nos sentidos irônicos, metafóricos... e em termos que nada mais são do que classificações ou grupos. Por exemplo, a palavra "animal" é uma classificação para seres vivos que se movem; assim como "vegetal" aponta os seres vivos que não se locomovem e, geralmente, fazem fotossíntese. A palavra "amor" é outra generalização, já que existem muitos tipos de amor. Minerais, outra... e assim por diante. Da mesma forma, podemos dizer que é o que acontece, para facilitar a compreensão de seu significado, com o termo liberdade que, por si mesma, não é nem virtude, nem vício; nem obra da sabedoria, nem da estupidez. E vou explicá-la em dois níveis: primeiro, filosófico-teológico; e em seguida, cientificamente.


2.1. Liberdade para a Filosofia e para a Teologia.


Sto. Tomás de Aquino

Lemos na Synesis, Revista do Centro de Teologia e Humanidades, ISSN 1984-6754, [ligada à Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (ibict)], que Santo Tomás de Aquino (1225-1274), extraordinário filósofo e teólogo medieval citado anteriormente a respeito da verdade, explica que a legítima liberdade é a tendência natural do próprio ser humano de agir de acordo com a vontade de Deus; ou seja, agir tendo por ignição e meta o bem universal, maximizando a vida. Ele a define assim porque se a liberdade existe como virtude, ela não pode ser suicida, auto-destrutiva, percebe? É por isso, que dizemos que o princípio da liberdade é o domínio-próprio; e sua luz, o verdadeiro amor a tudo o que torna o homem virtuoso. A raiz desta compreensão está em Sua Divina Majestade Nosso Senhor Jesus Cristo, que é quem nos diz: “Ego sum Via et Veritas et Vita nemo venit ad Patrem nisi per Me”. (Latim, Ioannes 14: 6). Ou seja: "Eu sou a Verdade, o Caminho e a Vida; e ninguém vai ao Pai senão por Mim". Qual verdade? A Verdade que nos liberta do demônio e conduz-nos à santidade e à vida eterna.


Fora dessa dimensão, a liberdade recebe outros nomes, sendo a libertinagem aquele "estúpido mimetismo da liberdade" que conduz ao homem a perder a sua liberdade - isto é, tornar-se prisioneiro de seus vícios.


2.2. Liberdade para a Ciência do Comportamento.


Foto: https://www.gestaoeducacional.com.br/fisiologia-humana

Quanto mais estudamos nosso corpo, mais admirados ficamos com a complexidade, a riqueza de detalhes de sua fisiologia. O corpo humano é formado por conjuntos de órgãos que atuam para a realização das funções vitais do organismo chamados sistemas. Dependendo do fisiologista, didaticamente podemos dizer que o nosso corpo tem de 13 a 15 sistemas principais: cardiovascular, respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, excretor, reprodutor, esquelético, muscular, imunológico, linfático, tegumentar ou de revestimento...


Pensemos primeiro apenas em nosso Sistema Nervoso, central e periférico, que é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas diferentes partes e coordena as nossas ações voluntárias e involuntárias. Você pensa para respirar ou para que seu coração ou qualquer outro órgão vital trabalhe? Não. Observe a inteligência fisiológica intrínseca que foi colocada em nós! Pensemos agora em nosso Sistema Disgestório: não bastasse tanto detalhe em nosso esôfago, estômago, fígado, pâncreas e intestino, recentemente, descobrimos que este último tem até neurônios! Agora, contemple um pouquinho nosso Sistema Endócrino, que é conjunto de glândulas responsáveis pela produção dos hormônios, que junto ao sistema nervoso e ao sistema endócrino coordena todas as funções do nosso corpo... Não é incrível? Então, aproximamo-nos do sistema esquelético, que é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos e tendões... Observemos que interessante: o esqueleto não só é responsável por sustentar e dar forma ao corpo, como também protege os órgãos internos e atua em conjunto com os sistemas muscular e articular para permitir o movimento de tudo. Cada órgão, cada tecido, cada célula... Nosso corpo é constituído de 10 trilhões de células que trabalham de maneira integrada, sendo que cada uma dessas células possui uma função específica. Já imaginou a riqueza que é nosso corpo? Tudo muito impressionante, muito detalhado e longe de ser totalmente compreendido.



Rana sylvatica congelada, mas viva.

Todavia, apesar de toda essa inteligência anatômica e fisiológica, nosso corpo tem limitações. Ao que sabemos, por exemplo, diferente das lagartixas, das planárias, dos axolotes (salamandra-mexicana) e da estrela-do-mar, apenas o nosso fígado, (a maior glândula humana, sempre embebida de sangue e que muda de tamanho ao longo do dia), é capaz de regeneração. Também diferente de animais como a rã de madeira (Rana sylvatica), certas lagartas de mariposa como a urso de lã, jacarés, filhotes de tartarugas pintadas canadenses, iguanas e insetos como os cucujus e os escaravelhos do Alasca, por exemplo, nosso corpo não resiste ao congelamento. Se formos decapitados, morremos na hora; mas se a cabeça de uma barata for dela arrancada e o resto do corpo for mantido intacto, ela irá sobreviver por alguns dias e, como se isso já não fosse um absurdo, se houver algum tipo de desastre nuclear, irá sobreviver como se nada tivesse acontecido. Enquanto para nós o câncer é uma doença letal, o rato toupeira é imune a ele.


Turritopsis nutricula

Quer mais? Já ouviu falar numa água viva chamada Turritopsis nutricula? Ela é, literalmente, imortal. Quando a T. nutricula chega a sua maturidade sexual, ela regride de estágio; ou seja, é como se ela nascesse de novo: o ciclo de vida desse bicho parte do zero e mais uma vez se repete... Isso não acontece conosco.


Agora, vamos para outra espécie: o ganso do himalaia (Anser indicus): ele tem a capacidade de armazenar oxigênio dentro de si de tal forma que isso o possibilita voar numa altitude extrema de nove quilômetros, enquanto nossa "zona da morte fora do avião" é, para alpinistas super treinados, seis quilômetros e setecentos metros. Se nossa temperatura interna chegar a 41 graus celsius, nossas células são irreversivelmente danificadas; e se chegar a 43, morte certa. Aliás, falando em altas temperaturas, nosso corpo, na tentativa de controlar a temperatura interna pode se descontrolar e produzir temperatura...


Claro que há milagres! Tivemos, por exemplo, o caso do homem que caiu de 47 andares e sobreviveu, quando sabemos que apenas 50% das pessoas que caem do terceiro andar sobrevivem! Porém, a questão aqui é ressaltar que, embora nosso corpo seja incrível, é limitado. Aliás, quando falamos de nosso corpo, incluímos nosso cérebro! Por mais superdotados que sejamos, não podemos entender coisa alguma, por exemplo, sem os mecanismos da comparação e da associação.


Tudo o que entendemos é comparável, motivo pelo qual o nosso cérebro aceita, por comparação, a existência de algo que seja incomparável que, para ser completamente incomparável, também é único e existe antes do que o que se pode comparar: Deus. Algo ou alguém que nosso cérebro aceita a existência, mas não foi feito para compreender. *

* Esta é uma tese que defendi em 2003, no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, em Roma, Itália. Professor: Pe. Giovanni Baldan.

  • CONCLUSÃO SOBRE A LIBERDADE.


E por que escrever e dizer tudo isso? É o seguinte: nosso corpo é maravilhoso, mas sem Sabedoria, sem a orientação de nosso espírito, busca o prazer sem discernimento como os insetos buscam a luz. Motivo pelo qual, fabricamos armadilhas mortais para esses bichinhos de seis patas utilizando-se da luz. O que quer dizer que ninguém pode dizer-se realmente livre porque está desesperado pelo prazer, por vício, pois o vício é justamente o antônimo de liberdade - ou, ao menos, da liberdade virtuosa, lúcida, não suicida. E é aqui que a Teologia, a Filosofia e a Ciência conversam e chegam num ponto em comum, vendo o domínio-próprio como a ignição, o encontro para se falar em liberdade. Sem domínio-próprio, sem liberdade real. E este é o ponto de partida de uma série de discussões envolvendo a inocência e o direito das crianças de a terem, protegendo-as de qualquer coisa que as vicie, principalmente da sexualidade precoce, certos alimentos e drogas ilícitas.



3. QUEM É ESTE QUE VOS ESCREVE.


Já que entendemos o que é verdade e liberdade, vamos ao terceiro tema. Quem é este que vos escreve, já que pretende meter-se na política e quer seu apoio? Mas eu não vou ser tão direto. Antes de querer seu apoio, sou gente, tenho história. E eu quero que nos vejamos como filhos de Deus, irmãos em Cristo, e não como números. Pode ser?


Meu nome é André Luís Roque Cardoso. Sou o "cara" - gíria criada para resumir pessoas a caras, máscaras, aparências, que não é o nosso caso -, o sujeito, a pessoa responsável por este blog.


Minha mãe teve três filhos, criados sob a régia da Fé: primeiro, nasceu um amoroso e elétrico, com olhos pretos como jabuticabas, que não via a hora de piá - isto é, de passear; um ano e onze meses depois, nasceu um questionador, justiceiro, silencioso, cientista; e cinco anos mais tarde, finalmente, um artista aventureiro, líder nato e cheio de dons. Pois é: tenho dois irmãos incríveis que eu amo e eu sou o tal questionador. É, o filho do meio, o recheio do sanduíche - ou do "sandoba", como se diz aqui em Piracicaba. Também tenho mais uma irmã e um irmão do segundo casamento do meu pai.


Mons. Victor Ribeiro Mazzei, SDB. + 07/9/1960

Nasci no dia 18 de julho de 1974. Era uma terça-feira, lua em quarto crescente, à noite: segundo o hospital, exatamente às 22 horas e 35 minutos. Nasci silencioso, tão quieto que chegaram a pensar que eu poderia ser mudo; gordinho e careca: a balança da Santa Casa acusou 3 quilos e 350 gramas; e a fita métrica, 49 cm de comprimento, 35 cm de perímetro cefálico e 33 cm de perímetro torácico. Isso aconteceu em Araçatuba, região noroeste do Estado de São Paulo.


Minha mãe diz que segundos antes de meu nascimento ela se sentiu envolta à luz e sentia muita paz... e ao seu lado estaria alguém que lhe disse ser Mons. Victor Ribeiro Mazzei, que ela não sabia que já havia partido para a Eternidade.


Ela não me viu nascer, pois dormiu. O parto normal foi realizado pelo Dr. Antonio Carlos Pacheco e meu pediatra era o Dr. Newton da Silva Coelho: ambos já morreram, a vida infelizmente é finita por aqui. Não somos Turritopsis nutricula. Fui registrado quase um mês depois, no dia 9 de agosto. E meu berço por uns bons dias foi um aconchegante cesto com fitas azuis de cetim que minha mãe carregava consigo, imagina a situação. Minha Certidão de Nascimento encontra-se a 116.123 à fls 107 V do livro de Registros A-N. 114.



Está gostando da história? Iremos continuá-la no próximo post, em 2. História de Vida: "Mater mirabilis, et fratris tutela". Muito obrigado pela bondade de tua atenção, permaneça com Deus e até a próxima postagem!



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