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  • Foto do escritorAndré Luís Roque Cardoso

A origem de Araçatuba, município da região noroeste do Estado de São Paulo.

Atualizado: 16 de mai. de 2020

Por: André Luís Roque Cardoso, Educador Comportamental e professor de Introdução à Política Cultural Kodály. Data: 15/05/2020. Horário: 07:43 a 08:50.

Fotografia enviada por Eliane Antonia Cardoso

A edificação do caráter e das vocações de cada pessoa começa na história de seus antepassados, que toca, flutua e mergulha nas águas das crenças, dos valores ético-morais, sonhos, realizações, cultura, usos e costumes, erros e acertos.


Cada família traz consigo essa glória e esse fardo. Cada município, idem. Por isso, vale a pena conhecermos as histórias, os fatos que desenharam e pintaram a nascente e o curso de nossas cidades. O objetivo é aprender e refletir; e não se envaidecer, iludir-se.


Hoje, como um tubarão branco que ataca sua presa de baixo para cima ao enxergar sua silhueta sobre si revelada pelo reflexo da lua, vou narrar um pouco sobre minha terra natal: Araçatuba, que um dia fora conhecida como a capital do boi gordo e a cidade do interior que possuiu mais aviões particulares, passou por grandes mudanças e, há um ano, tornou-se alvo também do Turismo nacional.


Quando criança, meu avô percebeu que eu mexia em seus livros na biblioteca de sua casa, elogiou-me pelo interesse e isso o motivava a conversar um pouco comigo fora da esfera dos negócios. Adolescente, fui aos registros da cidade. Havia um museu. Não me lembrava do nome do lugar e vi na internet há dois dias que é Museu Marechal Cândido Rondom - parece-me que fundado por Tião Maia. Escarafunchei livros, fotografias, anotações e matérias antigas. Nesse tempo - isso faz uns 30 anos -, conversei também com meu avô Américo Roque Cardoso sobre o que eu havia lido; e, com a exceção de um fato narrado por ele que me é caro, o que encontrei concordante entre o que ouvi de meu avô com os documentos históricos sobre o nascimento da cidade, vou contar-lhe a partir de agora.


Dom Pedro II projetou que do Rio de Janeiro sairia uma linha de trem rumo ao interior do Estado de São Paulo e chegaria ao Mato Grosso do Sul. Hoje é a rodovia Marechal Rondom, mas um dia foi uma longa linha de trem, liderada pelo mesmo marechal e construída por imigrantes, na sua maioria portugueses e italianos. Próximo ao que hoje é Araçatuba, havia uma belicosa e xenófoba aldeia de Caigangues que matou os brancos que foram à frente fazendo picada: decapitou-os e dependurou suas cabeças no alto de longas varas posteriormente afixadas no chão, a fim de que os urubus não as comecem e ali ficassem por mais dias como aviso de que se outros continuassem avançando por ali seriam igualmente mortos, decapitados e devorados.


O FATO EXCEÇÃO.

O que vou narrar agora é algo que não foi registrado antes e o farei a pedido de uma tia, D. Eliane.


Américo Roque Cardoso é meu avô, pai de meu pai. Ele perdeu o pai muito cedo: altruísta, gentil, caridoso, foi ajudar no parto de uma senhora, tomou chuva, pegou pneumonia e faleceu. Por isso, meu avô foi criado pelos pais de sua mãe. E dentre as história que ouviu de seus avós, há algo especial que aconteceu na região de Araçatuba que lhe conferiu um forte convite à Fé e uma devoção ímpar pelo francês, herói católico do século 14, São Roque de Montpellier. Algumas mulheres, antepassados dele, tendo por modelo de vida devocional São Roque, fizeram amizade com as índias caigangues; e estas, por sua vez, apreciaram tanto a bondade, a comunicabilidade e o respeito destas senhoras brasileiras (europeias e mestiças) que, antes dos índios atacarem o acampamento à noite, foram avisá-las para que se retirassem. Como essa amizade se deu revela-se um mistério para meu avô. Certamente, foi uma amizade que contou com índias casadas com brancos e mestiças convertidas ao Cristianismo. Eu quis saber mais; e a certa altura ele deixou escapar esse questionamento:


"Ora et labora! Reza e trabalhe! Quem pode dizer até que ponto isso é verdadeiro ou mito? A gente vê que na cabeça do povo, verdade e mito se misturam. Contaram-me como sendo verdade e o povo daquele tempo não brincava de mentir, viu? Temiam a Deus. Tinham medo do inferno. Mas o povo de hoje, sabe como é, não dá bola pr'essas coisas... (pausa) A Fé... Isso é uma coisa eu eu admiro na sua mãe, menino. Ela tem fé e tem também pedigree. Sabe o que é pedigree, menino? Raça, história, antepassados protagonistas. Agora, eu... Tem que rezar, viu menino? Você reza? Muito bem. Enfim, é história, menino. História daquela gente que tinha coragem, que tinha ideais, que não era mole como hoje... E falando nisso, vamos trabalhar que a hora se avança. Está vendo aqueles livros, menino? Pega esse paninho aqui e tira a poeira deles. Também tem aquele espanador. Pode usar. Tem esses livros fora da instante... Não precisa mexer neles não".

Antes, temos que continuar essa história. Ele me contou que essas brasileiras piedosas foram aos homens solicitar a retirada, mas estes, que já guardavam mágoa dos índios pela morte de companheiros e parentes com suas cabeças expostas nas varas rodeadas de urubus que não as podiam devorar, ficaram enfurecidos com a notícia e aguardaram os índios a mãos fortemente armadas. O resultado foi que as índias ficaram sem a maioria de seus homens, que se reduziram a cadáveres espalhados ao redor do acampamento. Também houve baixas entre os europeus e mestiços. Enquanto a batalha se travava aos berros, gritarias, tiros e explosões, as mulheres rezavam o Rosário e era impossível que não chorassem. Narrando-me o que ouvira quando criança, percebi que meu avô ficara bastante aflito: de alguma forma, aquilo mexeu com seus ancestrais e com ele.


A história que lhe replicaram cita que aqueles desbravadores e os bandeirantes enterraram os corpos dos índios mortos sob comando de um padre, enquanto outros investigavam a existência de sobreviventes, feridos ou não. As mesmas mulheres tementes a Deus, católicas piedosas e devotas de S. Roque, foram ter com as índias, buscando explicar-lhes o que tinha acontecido: segundo meu avô, contaram-lhe que tentavam conseguir delas seu perdão em vão. As índias gritavam a morte de seus homens e corriam às matas com paus nas mãos; e alguns homens se aproveitaram da ingenuidade delas para meterem laços de corda em algumas índias para si e com algumas delas mais tarde até se casaram. O que seria mais tarde Araçatuba, assim, anunciava seu surgimento sobre uma batalha que se repetirá mais tarde com os que sobreviveram. Para meu avô, essa história deixou de ser contada porque havia quem em Araçatuba dizia ouvir a lamentação das viúvas e dos que ali foram mortos por eles: e isso não pega bem na mentalidade moderna.


O NOME ROQUE.


Além do fato de ter horror por pestes de toda espécie, essa história que lhe contaram quando criança é, segundo ele, um dos motivos dele ter sido batizado com o nome de Américo Roque, passando o que ele entendia por bênção a todos os filhos homens: Álvaro Roque, Itamar Roque, Américo Roque (filho), Aloísio Roque e Fábio Roque. Suas filhas mulheres, por ser nome e não sobrenome, não possuem Roque nos documentos: Maria Helena, Maria Helena, Eliane Antônia e Sônia Valéria. A primeira Maria Helena faleceu de meningite ainda bebê; e meu pai, Álvaro Roque, é o segundo filho, o primogênito dos homens. A segunda Maria Helena é a quarta filha do total de nove filhos.


O PRIMEIRO LOTE DE TERRA OFICIALMENTE DE ARAÇATUBA.

Ora, mas é a história de Araçatuba ou de Américo Roque Cardoso, meu avô? De ambos. Pois o primeiro brasileiro a comprar o primeiro lote de terra oficialmente de Araçatuba foi o bisavô dele, meu trisavô Miguel Caputti (foto acima), dando nome à rua onde hoje endereça a Delegacia da Receita Federal em Araçatuba. De sorte que embora o mesmo não se considerasse fundador do município, mas um dos tantos, oficialmente, é o pioneiro dos pioneiros.


Isso me causa algum orgulho? Nenhuma vaidade. Contudo, é história, é cultura; e, por isso, é interessante. Parece-me que isso influenciará meu avô a comprar o maior número de terras mais tarde que podia, e que, juntas, formam o que hoje conhecemos com o nome de Fazenda São Miguel, sobre o principal aquífero do Estado, o Guarani, e margeada pelo Rio Tietê e muitos assentamentos. Pois, partindo para a Eternidade, Américo Roque Cardoso deixará a seus herdeiros tal fortuna, que afetará também a vida financeira de alguns netos, quase todos liberais.


Faço lembrar aos leitores do blog que eu sou conservador e que, até agora ao menos, nada lucrei materialmente com tudo isso. O que houve, isso sim, foram inegáveis influências advindas do convívio com meus parentes e dos benefícios que definiram a genética, a cultura e a vocação agrária de meu pai. Inclusive, meu avô diz herdar não só a genética de europeus, como também de uma índia convertida ao Cristianismo, de origem tribal desconhecida por meu avô, bisavó dele, Dona Sofia.


UMA RÁPIDA PINCELADA EM ARAÇATUBA HOJE.


O município hoje tem entre 100 e 110 anos. Tem quase 200 mil habitantes. É plana, tem ruas largas, bem asfaltada. É uma cidade bonita. Segundo o site oficial da prefeitura do município, todas as casas tem esgoto encanado. As lojas em geral são de bom gosto.


Tinha uma linda igreja no centro em estilo inglês que foi demolida para no lugar ser construída uma igreja mais moderna, cuja beleza não chega aos pés da original. A praça central também um dia foi muito mais interessante, em estilo japonês, delicada, cheia de fontes de água, flores e peixes ornamentais, que foi substituída por arte moderna, a meu ver pouco ou nada interessante. Portanto, parece-me que a certa altura chegou por ali um povo menos artístico, menos ou nada religioso, com outra cultura ou anti-cultura, que resolveu modificar pontos estratégicos de Araçatuba: em poucas palavras, diminuir as influências católicas e do Império.


A historiadora da cidade, ao menos a mais conhecida, mirou em seu livro apenas os sobrenomes mais ricos da cidade. Motivo pelo qual acreditei ser importante discorrer sobre esses fatos omitidos no livro a pedido de uma das minhas tias, que diz respeito - como mencionei anteriormente - a um parente, meu trisavô. Aliás, tem ainda o fato de meu tio bisavô, o Sr. Euclides Caputti, ter sido o primeiro Xerife de Araçatuba.


Ora, foi em Araçatuba, na rua Venceslau Brás, 268, que com a altura da fechadura da porta, num sábado, fui visitado por dois anjos, tendo um deles a fisionomia da ultima fotografia de Dona Lucilia Ribeiro dos Santos, mãe de Plinio Corrêa de Oliveira, parentes dos ancestrais de minha mãe, que habitaram por muito tempo em Piracicaba, cidade onde minha mãe e meu irmão mais velho nasceram; e onde há muitos anos vivo.


Meu nome é André Luís Roque; e meu sobrenome, Cardoso. Eu sou Araçatubense e morador de Piracicaba.




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CONVITE:


Ontem, ouvi um novo amigo me dizer que é assim que pensa um conservador:


"...a menor parte das pessoas pertencem ao presente; a maior pertenceu ao passado e, se o mundo não acabar, muito maior a que virá". (Bruno) Ele me falou sobre algo em que acredito: mudar o presente à nossa volta para as gerações futuras, como as anteriores lutaram pela nossa. 

É verdade, precisamos recuperar o mal que a revolução, especialmente por meio de sua ala esquerda, fez nesse país. Apoie-me nessa nova luta. Sou pré-candidato a vereador em Piracicaba esse ano. Luto pela humanidade por algo maior: nossa Origem e nosso Fim Ultimo. Nesse momento, eu tenho duas opções: voltar para a fazenda da família e cuidar do que um dia será meu; ou dar as costas para esse futuro e cuidar do que é de todos nós. Farei o que me for possível com a luz do conservadorismo cristão, focado em formação humana e prevenção à violência; e, para isso, já tenho um projeto que alinha ética e estética, que inclui formação humana, defesa pessoal, produção de alimento, arquitetura, tecnologias favoráveis à autonomia, educação e turismo; estou estudando a realidade do município com carinho e conversando com quem já está ocupando cargo de vereação.


Vamos juntos entender melhor o processo político e direcionarmo-nos a construirmos juntos um mundo melhor? Eu represento você com responsabilidade e luto com coragem, conhecimento e criatividade por todos nós. TMJ? Pensa com carinho.


André Luís Roque Cardoso - Educador Comportamental, Professor de Política Cultural e Zooctenista.




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