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  • Foto do escritorAndré Luís Roque Cardoso

Católicos versus "catóricos" travestidos de católicos.

Como todos devem saber, esse blog é sobre valores e ideias autenticamente conservadoras. E não se trata de um Conservadorismo qualquer, e sim exclusivamente do Conservadorismo Unitivo-Criativo que tem suas raízes no Cristianismo e que, portanto, é de natureza cristocêntrica. O que nos fará sempre interessarmo-nos ao que é relativo direta ou indiretamente a Ele, a quem tratamos formalmente por Sua Divina Majestade Nosso Senhor Jesus Cristo; ou, se preferir, Jesus Cristo, Filho de Deus.

Acontece que como tudo em que o ser humano toca, há graças e desgraças que precisam ser separadas, desvendadas, explicadas, uma vez que paradigmas separatistas não nos interessam, tanto quanto combatemos toda forma de mentira e simulação de fé que anseia corromper o que é bom. E é nesta esfera unitiva, cuidadosa, gentil, em que nos interessamos por explicar quem são os verdadeiros católicos e porque esse adjetivo foi adotado tão precocemente pela Igreja Primitiva; para, em seguida, separarmos os católicos, também chamados de santos, dos pejorativos "catóricos", que se dizem católicos e, o que é pior, em nome da Igreja, perseguem os legítimos Católicos, chamando-os até de "doença da Igreja", à semelhança dos fariseus que odiavam Jesus Cristo, a ponto de de dizerem que se tratava de "um homem louco que agia por Belzebu, o demônio".

A abordagem aqui no blog, no entanto, é essencialmente histórica, antropológica, e não obrigatoriamente teológica, espiritual. Isto é: não se pretende aqui defender a Fé, embora esta o mereça, e sim os fatos históricos, a começar pelo significado original das palavras, no tempo em que foram empregadas. Por quê? Porque, repito-o, queremos reforçar o que nos une, o que nos fortalece, o que nos deixa ou conserva saudáveis: virtudes, família, pátria.

Entendido isso, vamos à história.


ORIGEM DA PALAVRA CATÓLICO.

A palavra católico tem origem grega: katholikos; ou, se preferir, καθολικός; e significa, em resumo, isto: "conforme do todo", "conforme a totalidade"; e é daqui que tiraram a sinonímia por extensão para universal. Porém, como se vê, literalmente, não significa universal em sua origem. E, inclusive - agora falo como estudioso de Teologia Moral e professor de Política Cultural - a raiz da palavra vem de três termos distintos, que se uniram num só:

1. kathos, onde se traduz concordar, obedecer, acatar, estar de acordo; 
2. holi, de holós, que pode ser expandido para oligo, significando totalidade, todo; 
3. e oikos, que significa casa, família. 

Atualmente, apenas para efeito associativo, há uma palavra muito usada, com significado em parte coincidente: holístico. Não é a mesma coisa, mas possuem algo em comum: o holós, que gera o prefixo em Português holi. E holi somado ao sufíxo ístico, que quer dizer "relativo a", gera o adjetivo holístico: isto é, o que é próprio do todo, relativo ao todo, propenso à totalidade.

Holístico, assim, como acontecia com o termo católico no universo cristão, antagoniza com o significado de parcialidade e sectarismo. Motivo pelo qual, Cristo pedira a Seu Pai, que todos fôssemos um n'Ele, Deus, assim como Ele e o Pai são Um. Há diferentes traduções e podemos lê-las todas em S. João, capítulo XVII, especialmente no versículo 21. Ou ainda em S. Mateus XXVI,36.47-56, S. Marcos XIV,32.43-52 e S. Lucas XXII,39.47-53.

Antropologia: o tratamento "São" ou "Santo" à frente dos Apóstolos é um COSTUME, de origem popular, de reconhecimento de Cristo neles. Se são Um, como o Senhor pediu e foi atendido no Pentecostes, não são mais os pobres, confuso, destemperados e covardes Simão Pedro, Marcos ou Mateus, por exemplo, e sim os ungidos, milagrosamente transformados São Pedro, São Marcos, São Mateus... Como escreveu S. Paulo Apóstolo também no Capítulo II de sua Carta aos Gálatas: "Não sou eu mais quem vivo, mas Cristo - o Santo, o Santíssimo, o Santo dos santos - que vive em mim". Repetindo-o: trata-se apenas um costume inspirado na Teologia, que não é obrigatório, uma vez que se trata de ato de Fé pessoal que se cumpriu o que Cristo pediu ao Pai nestas pessoas; e assim, de ato de delicadeza, de honra, não dogma. 

A informação é especialmente importante uma vez que a partir do século 19, começaram a desinformar a muitos que os "Católicos adoram santos", divergindo-os do único essencialmente Santo e fonte de toda santidade, que é Deus. Percebamos: amizade especial, honraria distinta, delicadeza e coerência de Fé cristocêntricas sendo julgadas na grosseria atual como "endeusamento" - isto é, idolatria. Uma falta de conhecimento histórico considerado grave por gerar distorções e o falso testemunho, a difamação caluniosa. Ora, sendo a idolatria e a calúnia consideradas ignomínias para o conservador,  tal costume, embora oriundo na Igreja Primitiva, de sorte que o próprio Evangelho trata os fiéis por santos e queridos, é aberto à preferência. Inclusive, porque também o mesmo Evangelho nos aconselha a não causarmos escândalo aos mais fracos: ainda que a orientação, neste caso citado agora, esteja associada ao tema alimentação - aos que não comem certas carnes -, pode ser aplicado a outros temas, incluindo este, o tratamento distintíssimo São ou Santo(a) na frente dos nomes dos heróis cristãos. Por outro lado, há quem se questione: deixar de tratar com honraria especial os que deram suas vidas por Cristo não seria nos transformar em subservientes da calúnia? Por isso, a liberdade no uso. Vai da consciência e da delicadeza de cada um.


CRISTO E OS CATÓLICOS.


Para deixar esse assunto mais claro ainda, é possível voltar aos primórdios, quando inseriram o termo ao Cristianismo; e é o que faremos agora.

Χριστός (Khristós), palavra escrita em Português como Cristo, é uma tradução da palavra Messiah (em hebraico: משיח, transl. Māšîªħ, Mashíach, Mashíyach), que significa isto: "O Ungido", o "Prometido". Cristãos, por sua vez, são os seguidores de Cristo, sendo Este não o que alguns judeus creem não ter vindo ainda, e sim Sua Divina Majestade N. S. Jesus Cristo. É verdade - preste atenção - que os francos faziam piadas associando a palavra cristão e cretino, abobalhado, por morrerem por sua Fé serem tão mansos, o que faz com que tenha-se ventilado uma fofoca histórica: que o termo cristão tem origem numa zombaria. Não é uma zombaria, e sim foi associada a uma. Piadas históricas a parte, cristão nada mais é que "seguidor de Cristo". Se é deste modo, quando surgiu a palavra católico no universo cristão?

A palavra katholikos, CATÓLICO, não é uma invenção da Igreja Cristã Primitiva do século II. Ou seja: a palavra já existia no idioma Grego. Portanto, estamos falando de uma adoção de termo, e não de criação. E, historicamente falando, ela foi ADOTADA por necessidade moral, comportamental, ética: para separar os cristãos rebeldes, excessivamente questionadores, que interpretavam os textos a seu bel prazer e eram animados por separatismos, dos cristãos fiéis aos Apóstolos, que entendiam as Escrituras sempre associadas ao todo, excluindo aparentes conflitos de interpretação: exatamente o mesmo princípio transmitido às Ciências Jurídicas a despeito da Constituição Federal, por exemplo, onde não pode haver uma interpretação de determinada Lei, artigo ou emenda que entre em conflito com outra Lei, artigo ou emenda. No caso, aos fiéis chamaram-nos católicos; estes são os que obedecem a totalidade interpretada na totalidade e tratam-se realmente como membros da mesma família: entre si, como irmãos; e Deus como Pai.

Quero que você e eu observemos a dedicação dos primeiros cristãos pelo autêntico conservadorismo, sempre unitivo, lógico e criativo.

DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA.


O primeiro documento da aplicação do termo katholikos à Igreja Primitiva é encontrada numa carta de um Bispo, Sto. Ignacio de Antioquia, que este escreveu durante sua condução ao martírio, à Igreja de Esmirna, na Ásia, que tinha como Bispo o famoso S. Policarpo, que havia conhecido pessoalmente o Apóstolo S. João. O documento traz o seguinte conteúdo, traduzido em Português:


"Onde comparece o Bispo aí está também a multidão, (seu rebanho, parte da igreja); da mesma forma em que onde está Cristo Jesus aí está a Igreja Católica (a igreja completa)".


Mas não pára aí. O termo é usado para identificar a ressurreição final por s. Justino (em Latim, Flavius Iustinus), também do século II (100-165). E assim foi se consolidando a personalidade, a mentalidade, o comportamento, a plenitude do verdadeiro CRISTÃO, na expressão grega Katholikós. Palavra esta usada - é importante grifar esse quesito histórico - por todos os sucessores dos Apóstolos, já a partir do século II e III; e, assim, antes mesmo de ser a Igreja adotada pela mãe do Imperador Constantino (272-337 d.C), Sta. Sophia, no século IV.


Aliás, falando-se em Constantino, é curioso como este era tratado com ousadíssimo rigor pelos Católicos: para termos uma ideia da radicalidade da fidelidade dessa gente primitiva, diz-se que o Imperador era impedido de entrar no templo católico e ficava à porta vestido de saco, tal um mendigo penitente, pois não se submetera ao santo Batismo e comportava-se como sincrético, dizendo-se protegido tanto pelo deus pagão Sol Invicto, como também pelo Senhor da Cruz.


O Catolicismo, nome do então Cristianismo Apostólico ou fiel aos Apóstolos, tornou-se oficialmente a religião do Império Romano apenas no ano de 380, no Édito de Tessalônica. Quase meio século depois de Constantino. Estamos falando, assim, de uma identidade de dois séculos, que se consolidou com o grande sto. Ambrósio, o homem que evangelizou e levou à conversão o grande sto. Agostinho de Hipona e influenciou o primeiro Imperador de fato cristão - isto é, Católico: Graciano (Flavius Gratianus Augustus).

Bem... Encontrei algo que pode dizer tudo isso e mais por mim. Para minha alegria, encontrei este vídeo, do famoso Pe. Paulo Ricardo de Azevedo:



Dito isso, eu me pergunto quem são esses malditos pseudocatólicos que invadiram a Igreja para implementarem o Comunismo. No máximo, "catóricos". Tragicômico. Claro: muito mais trágico que cômico. O fato é que chegaram ao poder e fazem parte do alto clero. Quem diria? Hereges no comando de uma Igreja que não é deles, mas de Cristo.

Aconselho-nos a assistirmos www.padrepauloricardo.org . Este varão tem minha admiração. É Católico. Ademais, fique a vontade para, com educação, comentar essa postagem. Conto com sua bondade, antes mesmo de sua erudição.

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